OAB rompe o silêncio sobre o PL do aborto
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou um parecer rejeitando o Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio, inclusive em casos de estupro. A decisão destaca a preocupação da OAB com os impactos sociais e de saúde que essa medida poderia causar, especialmente entre as populações mais vulneráveis.
O documento critica duramente o projeto, descrevendo-o como "grosseiro e desconexo da realidade". Segundo a entidade, a proposta ignora aspectos psicológicos e fisiológicos cruciais para a saúde das mulheres, especialmente aquelas que são vítimas de estupro ou que carregam fetos anencéfalos.
Silvia Souza, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) da OAB, comparou a proposta legislativa às perseguições da Inquisição.
Ela destacou que a pena de até 20 anos de reclusão é uma medida "atroz, retrógrada e persecutória", semelhante às práticas do século 17.
As conselheiras Helcinkia Albuquerque dos Santos, Katianne Wirna Rodrigues Cruz Aragão, Aurilene Uchôa de Brito e Ana Cláudia Pirajá Bandeira, que ajudaram a elaborar o parecer, também se posicionaram contra o projeto. Após seus discursos no plenário, elas se abraçaram, simbolizando a união da OAB na defesa dos direitos das mulheres.
O parecer da OAB enfatiza que a criminalização do aborto afetaria de forma desproporcional as populações mais vulneráveis, como mulheres negras, pobres e de baixa escolaridade, onde há maior incidência de adolescentes grávidas.
- Fonte: Jornal da Cidade Online